domingo, 24 de julho de 2011

CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE NAS CURAS DE JESÚS

Ciência e espiritualidade nas curas de Jesus

FRASES DE JESÚS:

“Vós sois deuses”

“Podeis fazer o que faço e muito mais”

Andrei Moreira, AME-MG

Folha Espírita outubro de 2008

Cláudia Santos

Para muitos, as curas de Jesus são tidas como milagres. Mas se as leis naturais as explicam, pensamos, elas deixariam de ser miraculosas? Segundo Andrei Moreira, médico generalista do Programa de Saúde da Família em Belo Horizonte (MG) e coordenador do Núcleo Universitário do Departamento Acadêmico da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais, à luz da Doutrina Espírita, o milagre, de fato, transforma-se em ciência.

Descortinando o entendimento das leis naturais, o Espiritismo, como ciência do espírito, explica-nos os mecanismos de ação do magnetismo e do amor crístico, na potencialização das autocuras dos enfermos de sua época. “Com o estudo da fluidoterapia, da força da mente e do sentimento educados para o amor”, explica Andrei, “compreendemos como e por que Jesus curava”.

Mas, claro, isso não tira o caráter maravilhoso de suas ações, elas apenas deixam de ser sobrenaturais. “Suas curas inserem-se dentro das leis naturais, e Jesus ensina-nos o que é possível ao coração que ama, fato confirmado pelas curas potencializadas pelos apóstolos, mais tarde, como símbolo para a humanidade inteira”, afirma o médico, que deu palestra sobre o assunto na última edição do Medinesp.

Folha Espírita – O Espiritismo nos diz que um dia a ciência explicará todo o processo pelo qual se deram essas curas de Jesus. Por que isso é importante?
Andrei Moreira – Porque nos faz compreender mais perfeitamente a sabedoria de Deus e o papel que nos compete na co-criação, pela utilização do manancial gigantesco de recursos que a divindade nos dotou e à natureza, para a plena execução da vontade do Pai. Quando Jesus disse “Vós sois deuses”, reafirmando a lei antiga, e acrescentou “podeis fazer o que faço e muito mais”, estava colocando-nos em contato com nossa natureza divina, de espíritos perfectíveis, criados à imagem e semelhança da Sabedoria Suprema do Universo, fonte de toda bondade e perfeição. Com isso, Jesus nos induzia a desenvolver os dons do espírito na conquista das potencialidades infinitas de cura e autocura.

FE – O que o médico espírita já conhece sobre isso nos dias de hoje?
Moreira – O médico espírita está consciente da lei dos fluidos e da força da mente, do pensamento e do sentimento na manipulação dos fluidos ambientes e organismo humano. Sabe que o espírito, manifestando-se por meio do pensamento, controla o cosmos orgânico pela sua força mental e direciona o seu funcionamento, tanto quanto seu comportamento moral qualifica e determina o equilíbrio ou desequilíbrio fisiopsíquico.

Sabe que tanto o adoecimento quanto a cura são patrimônio do enfermo e que Jesus somente curou aqueles que se elegeram a um patamar superior pelo bom aproveitamento de seu sofrimento. Isso fica explícito na cura do paralítico da piscina de Betesda, quando o Cristo ordena ao recém-curado que tome sua cama e caminhe, ou seja, que leve sua bagagem, sua história e biografia, avançando além, porque alçara a um patamar novo de experiência e agora lhe cabia aproveitar o máximo de seu momento evolutivo, da maturidade conquistada.

E quando o encontra no templo, local de adoração a Deus, Jesus o declara são, relembrando-lhe que não enveredasse pelas mesmas escolhas e não errasse novamente o alvo (sentido original da palavra pecado – hamartia, do grego), determinando um rumo superior para o caminhar das pernas reabilitadas à custa de lágrima e renúncia, graças à misericórdia divina.

FE – E a ciência ortodoxa tem algum interesse sobre esse assunto? E alguma explicação?
Moreira – A ciência caminha a passos lentos no entendimento dessas questões, pois não admite a existência do espírito como princípio inteligente, viajor da eternidade. No entanto, muitas pesquisas têm sido feitas no sentido de se revelar o benefício ou não da espiritualidade para a saúde, sendo que a maioria das pesquisas, até o momento, apresenta dados positivos, chamando a atenção das empresas patrocinadoras das pesquisas para a necessidade de se investir nesse sentido.

FE – Por que é importante para o médico espírita estudar e conhecer as curas de Jesus?
Moreira – Porque Jesus é o paradigma da medicina espiritual, o médico por excelência. Quando Allan Kardec questionou os espíritos codificadores a respeito de qual havia sido o melhor e maior modelo dado por Deus aos homens, a resposta foi taxativa: vede Jesus. Se observarmos a prática do Mestre, vamos ver que ele individualizava o enfermo, tendo uma postura terapêutica com cada um.

A uns ele buscou, a outros mandou vir. Àquele perguntou: – O que queres que te faça? A outro indagou: – Queres ficar são? A todos Jesus induziu a uma auto-análise e resposta perante a vida, e, como pedagogo divino, exercitou todos na arte de pensar e chegar às próprias conclusões, sedimentando sua cura no movimento interior de libertação e maturidade espiritual.

Não curou todos, soube avaliar o momento de cada um. Supriu as deficiências pessoais e ofertou a misericórdia divina quando faltaram forças para o movimento final de reabilitação, mas não violentou nenhuma consciência, respeitou o momento evolutivo de cada filho de Deus, acordando a consciência divina do irmão em caminhada. Por tudo isso e sobretudo pela qualidade do amor ofertado, de renúncia e sacrifício, Jesus é o paradigma da medicina espiritual, que todos sonhamos praticar e reproduzir, ainda que em escala infinitamente menor, para a cura de nossos irmãos e de nós mesmos, em nossa prática profissional.

FE – Como o médico espírita deve desenvolver suas qualidades de cura espiritual? Qual a melhor maneira de empregar o fluido magnético em favor dos pacientes?
Moreira – Desenvolveremos a qualidade de cura espiritual na mesma medida em que aprendermos a amar com desinteresse e abnegação. Quanto mais tomarmos consciência que nossos pacientes são nossos médicos, ofertando-nos a divina oportunidade de sensibilização, trabalho e aprendizado, mais nos esforçaremos por possuir virtudes que nos possibilitem ofertar mais e melhor para cada um deles.

À medida que nos melhorarmos como seres humanos e passarmos a expressar mais intensamente a boa vontade, o carinho, a escuta atenta e inclusiva, a disponibilização de tempo e coração, mais nos habilitaremos a vibrar o amor, medicamento por excelência, que poderá tocar a alma de nossos irmãos, incentivando-lhes a autocura.

O centro espírita é o lugar mais adequado para se ministrar as práticas magnéticas, mas não devemos nos esquecer que, pelo olhar, toque, palavras e intenções, estamos a magnetizar diariamente todos que cruzem o nosso caminho. Se utilizarmos desse potencial com consciência e compromisso com o bem, poderemos auxiliar muito, conforme nos ensinou Jesus, que curava 24 horas por dia. Devemos nos lembrar que o médico (assim como qualquer outro profissional de Saúde) é o primeiro medicamento ofertado ao enfermo e muitas vezes o único necessário para o estímulo curativo.

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